Por Victor Pinto
Se o papel impresso for substituído integralmente pelo
digital, seu fim acarretará uma crise sociológica na comunidade do globo
terrestre. De fato, pode parecer uma afirmativa apocalíptica, mas que, se
analisada de forma sensata, vê-se como uma teoria previsível. Ainda que o
impresso seja extinto e seu formato só sobreviva na internet, o fluxo de
desemprego, com certeza, aumentará.
O conceito é simples. Desde quando os egípcios inventaram
o papiro e no tempo do apogeu da prensa de Gutenberg, o impresso representou
avanços no modo de vida da população. Com a união da escrita e da impressão de
letras, números, fórmulas em um pedaço de folha, as pessoas puderam avançar em
seu desenvolvimento tecnológico, tal como a roda foi para os seres
pré-históricos.
Com o papel impresso, a sociedade pode escrever e guardar
informações importantes de sua cultura, da sua história e do seu
desenvolvimento, o que antes era feito oralmente. O poder de registro foi impulsionado. Aos
poucos, surgem livros, jornais, revistas, fanzines, cartazes, panfletos e todo
um aparato material, que antes, há muito tempo, eram reduzidas a rolos ou
escritas em pedras e paredes.
Chaves jornaleiro:
Chaves jornaleiro:
Já no mundo moderno, o impresso revelou profissionais
grandiosos, além de ampliar capacitação no meio. No seu advento jornalístico,
os jornais circulavam a todo vapor sob a geração de desenvolvimento informativo
e econômico nas cidades. Gráficas surgiam e empregavam novos funcionários para
seu setor industrial, as bancas de revistas aparecem como um ponto de apoio
para a venda do material, mesmo com a permanência dos vendedores autônomos.
A valorização empregatícia do repórter também foi um marco. Capas e matérias emocionaram e tornaram inesquecíveis graças ao bom desempenho do profissional de jornalismo. As empresas de comunicação tinham motoristas, entregadores, vendedores de porta em porta... As redações eram compostas por inúmeros funcionários.
A valorização empregatícia do repórter também foi um marco. Capas e matérias emocionaram e tornaram inesquecíveis graças ao bom desempenho do profissional de jornalismo. As empresas de comunicação tinham motoristas, entregadores, vendedores de porta em porta... As redações eram compostas por inúmeros funcionários.
Com a ausência do impresso, perderemos as bancas de
revistas e livrarias físicas que sobrevivem, em sua maioria, das vendas dos
produtos feitos em papel. Esses lugares que exercem um meio de relação
sociológica da sociedade.
Quantas pessoas não devem ter se conhecido nesse locais, ao efetuar a compra de uma revista, trocando ideia de uma capa de um jornal ou até mesmo comentando sobre um livro? Famílias podem ter surgido? Vínculos de amizade? Ou o simples fato de uma pessoa solitária conhecer alguém ali, mesmo que não mais a reencontre mais, só por ter conversado, já mudou algo no seu dia? São questões que soam mirabolantes, mas de possíveis impactos.
Quantas pessoas não devem ter se conhecido nesse locais, ao efetuar a compra de uma revista, trocando ideia de uma capa de um jornal ou até mesmo comentando sobre um livro? Famílias podem ter surgido? Vínculos de amizade? Ou o simples fato de uma pessoa solitária conhecer alguém ali, mesmo que não mais a reencontre mais, só por ter conversado, já mudou algo no seu dia? São questões que soam mirabolantes, mas de possíveis impactos.
Com a sofisticação do digital, não precisaríamos mais
sair de casa e ir nestes lugares físicos, pois tudo será virtual. Haverá
distanciamento do real. Basta ir ao
site, pagar e fazer o download. Tudo a distância. As pessoas não caminhariam
mais com o jornal debaixo do braço ou aproveitariam a viagem de ônibus para ler
a tão aguardada revista do mês; pois tudo ficará nos circuitos do desktop,
notebook, celular e de um tablet.
No livro Cibercultura, Pierre Lévy diz que “o virtual não
‘substitui’ o ‘real’, ele multiplica as oportunidades para atualizá-lo”. Se o impresso acabar, não terá esta multiplicação, mas, de fato, sua
substituição. Esse conceito de Lévy pode se encaixar em outros aspectos. O fim
pode ser o início de um novo começo. O jogo de visão e tato do impresso, o
fetichismo pelo papel ainda prevalecerá por muito tempo. Mas as suposições pairam em nossas cabeças...
Referência:
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. (Coleção TRANS). P.88.