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quinta-feira, 31 de maio de 2012

O impacto sociológico do possível fim dos impressos



Por Victor Pinto

Se o papel impresso for substituído integralmente pelo digital, seu fim acarretará uma crise sociológica na comunidade do globo terrestre. De fato, pode parecer uma afirmativa apocalíptica, mas que, se analisada de forma sensata, vê-se como uma teoria previsível. Ainda que o impresso seja extinto e seu formato só sobreviva na internet, o fluxo de desemprego, com certeza, aumentará.

O conceito é simples. Desde quando os egípcios inventaram o papiro e no tempo do apogeu da prensa de Gutenberg, o impresso representou avanços no modo de vida da população. Com a união da escrita e da impressão de letras, números, fórmulas em um pedaço de folha, as pessoas puderam avançar em seu desenvolvimento tecnológico, tal como a roda foi para os seres pré-históricos.

Com o papel impresso, a sociedade pode escrever e guardar informações importantes de sua cultura, da sua história e do seu desenvolvimento, o que antes era feito oralmente.  O poder de registro foi impulsionado. Aos poucos, surgem livros, jornais, revistas, fanzines, cartazes, panfletos e todo um aparato material, que antes, há muito tempo, eram reduzidas a rolos ou escritas em pedras e paredes.

Chaves jornaleiro:


Já no mundo moderno, o impresso revelou profissionais grandiosos, além de ampliar capacitação no meio. No seu advento jornalístico, os jornais circulavam a todo vapor sob a geração de desenvolvimento informativo e econômico nas cidades. Gráficas surgiam e empregavam novos funcionários para seu setor industrial, as bancas de revistas aparecem como um ponto de apoio para a venda do material, mesmo com a permanência dos vendedores autônomos.

A valorização empregatícia do repórter também foi um marco. Capas e matérias emocionaram e tornaram inesquecíveis graças ao bom desempenho do profissional de jornalismo. As empresas de comunicação tinham motoristas, entregadores, vendedores de porta em porta...  As redações eram compostas por inúmeros funcionários.

Com a ausência do impresso, perderemos as bancas de revistas e livrarias físicas que sobrevivem, em sua maioria, das vendas dos produtos feitos em papel. Esses lugares que exercem um meio de relação sociológica da sociedade.

Livraria, ponto de encontro

Quantas pessoas não devem ter se conhecido nesse locais, ao efetuar a compra de uma revista, trocando ideia de uma capa de um jornal ou até mesmo comentando sobre um livro? Famílias podem ter surgido? Vínculos de amizade? Ou o simples fato de uma pessoa solitária conhecer alguém ali, mesmo que não mais a reencontre mais, só por ter conversado, já mudou algo no seu dia? São questões que soam mirabolantes, mas de possíveis impactos.

Com a sofisticação do digital, não precisaríamos mais sair de casa e ir nestes lugares físicos, pois tudo será virtual. Haverá distanciamento do real.  Basta ir ao site, pagar e fazer o download. Tudo a distância. As pessoas não caminhariam mais com o jornal debaixo do braço ou aproveitariam a viagem de ônibus para ler a tão aguardada revista do mês; pois tudo ficará nos circuitos do desktop, notebook, celular e de um tablet.

No livro Cibercultura, Pierre Lévy diz que “o virtual não ‘substitui’ o ‘real’, ele multiplica as oportunidades para atualizá-lo”. Se o impresso acabar, não terá esta multiplicação, mas, de fato, sua substituição. Esse conceito de Lévy pode se encaixar em outros aspectos. O fim pode ser o início de um novo começo. O jogo de visão e tato do impresso, o fetichismo pelo papel ainda prevalecerá por muito tempo.  Mas as suposições pairam em nossas cabeças...


Referência:
LÉVY, Pierre. Cibercultura.  São Paulo: Ed. 34, 1999. (Coleção TRANS).  P.88.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Como potencializar um tablet como uma máquina de escrever? - O relato de um jornalista


Não estamos falando em transformar o mais novo queridinho eletrônico no ícone do passado, mas quais são as formas de facilitar o uso dessa ferramenta para além da leitura e interação touch? Vamos além: como inserir o tablet no dia-a-dia produtivo de um profissional da informação?  À primeira vista, o equipamento leve e dinâmico, revela-se limitado quando se trata da escrita. A limitação da tela gera desconforto, já que estamos acostumados ao espaço e a própria estrutura ergonômica do teclado. Vamos conhecer o caso de alguém que conseguiu, com a ajuda de outros equipamentos, utilizar o tablet como principal ferramenta de trabalho.

Em relato no blog em que escreve, Harry McCracken, repórter da Time e blogueiro do Technologizer, conta como o iPad 2 se tornou seu “computador favorito”. Segundo ele, a transição não foi intencional, quando ele se deu conta, já utilizava o aparelho da Apple como seu item primário de computação.Tudo começou quando o blogueiro estava em uma cobertura de um evento de tecnologia na Alemanha.

Com o Macbook Air e o iPad na mala, McCracken preferiu a segunda opção, por conta da bateria, que suporta até 10h sem recarga.  A partir daí, ele começou a adotar o tablet ao invés do notebook. No relato, ele destaca outro ponto que considera favorável ao Ipad. O aparelho diminui as distrações, ao passo que somente a tarefa em andamento fica visível.

iPad 2 e ZaggFolio. Foto:   Arquivo Pessoal/Harry McCracken   

“With the iPad, all that goes away. You can devote nearly every second of your time to the task at hand, rather than babysitting a balky computer. I don’t feel like I’m ‘using an iPad to write’. I’m just writing. It’s a far more tranquil, focused experience than using a PC or Mac” (Com o iPad, tudo isso [distração] vai embora. Você pode dedicar quase cada segundo do seu tempo para a tarefa em mãos, ao invés de 'tomar conta' de um computador teimoso. Eu não sinto que estou ‘usando um iPad para escrever’. Eu só estou escrevendo. É uma experiência muito mais tranquila, focada do que usar um PC ou Mac) 

Apesar de tudo, ele não se diz completamente adaptado ao tablet. Ele destaca alguns dos desafios à sua produtividade: o que ele fazia com o Photoshop no Mac, por exemplo, exige passos realizados em vários aplicativos diferentes. A precisão do ponteiro do mouse ou a variedade de fontes também não são a mesma coisa para ele quando o assunto é edição de imagem. Já como solução do problema do desconforto para escrever, o jornalista usa um estojo da marca Zagg para iPad com teclado Logitech integrado.

Even with the added bulk of a Zagg keyboard, the iPad is the smoothest, least cumbersome mobile computing device I’ve ever used, and I rarely leave the house without it. (Mesmo com o volume adicional de um teclado Zagg, o Ipad é o mais suave e menos complexo dispositivo de computação móvel que já usei, e eu raramente saio de casa sem ele)