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sexta-feira, 16 de março de 2012

A Britânica também se rende

 A Enciclopédia Britannica anunciou nessa terça-feira, 13, que não mais publicará sua versão impressa. Todas as edições a partir de agora estarão disponíveis apenas em meio digital. Seu primeiro exemplar foi publicado em 1768, na Escócia.
 Ao jornal New York Times, o atual presidente da companhia afirmou que a decisão foi difícil, mas necessária diante dos novos tempos.
"É como um rito de iniciação nesta nova era. Muitos se sentirão tristes e nostálgicos por isso, mas agora temos uma ferramenta melhor. O site está constantemente atualizado, é muito mais extenso e tem conteúdos multimídia"
 Por muito tempo, as enciclopédias foram uma representação de todo o conhecimento existente no mundo. Nos anos 50 do último século, ter uma edição completa da Britannica era sinal se status. Muitas famílias de classe média faziam um esforço para que a compra coubesse no orçamento e orgulhosamente organizavam os diversos volumes na estante da sala.
 Sem o Google, não havia outra maneira de fazer pesquisas ou trabalhos escolares. Era preciso abrir os pesados livros e procurar por informação nos verbetes. Embora soe um pouco estranho para as gerações atuais, as enciclopédias em geral - e precisamente a Britannica - eram um símbolo de conhecimento e intelectualidade. Em sua coluna na Folha, o jornalista Clóvis Rossi relata um pouco dessa história.
 "Eu não li toda a Britânica, mas sou de um tempo em que ela realmente era um símbolo poderoso de conhecimento ou, mais precisamente, de busca de conhecimento. Na minha adolescência, era meio que obrigatório para as famílias de classe média-média, como a minha, comprarem todos os volumes (hoje, são 32), vendidos de porta em porta."
 Hoje, a Britannica é praticamente um artigo de luxo. Uma edição completa custa cerca US$1.400. Uma assinatura anual online, entretanto, custa meros US$70.
 Em coluna na Folha,  o criador do site Porto Digita e cientista do C.E.S.A.R, disse que a decisão é um marco para a indústria analógica de texto e necessária para a Britannica.
"Seu principal e muito mais usado concorrente, a Wikipedia, nunca teve uma versão em papel e é atualizada na velocidade das ocorrências e descobertas. O tempo, na rede, é diferente -e muito mais rápido- do que no papel."

 O novo contexto da Britannica repercutiu entre os jornalistas e na tão velha discussão sobre o fim do jornalismo impresso. Se até a mais famosa enciclopédia do mundo, com 244 anos de história, se rende à versão digital, o que será dos jornais e revistas?
 Na abertura do curso de jornalismo do El País, na Espanha, a jornalista Soledad Galego-Díaz afirma que a discussão tem que ser muito mais abrangente que o simples fim do papel.
"O problema não é se segue existindo jornal em papel ou em tablets. O problema é o que é o jornalismo nessa nova época, como é afetado por essas novas ferramentas e se estas podem deteriorar ou romper as regras básicas da nossa profissão. Para mim tanto faz o papel ou o tablet. O que faz diferença é se continuará existindo jornalismo."


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